Por Elza Tsumori* Nas últimas semanas vivenciei situações no setor de Marketing Promocional e na comunicação que percebi serem cíclicas. Essas situações me fizeram pensar profundamente em alguns “por quês” que balbuciei. E tive também a certeza nestes dias que a História delineia repetições, se não mudarmos o rumo. Para ficar mais claro faço um paralelo entre uma determinada situação de 1969 e a atual crise setorial de 2009.
Estamos comemorando 40 anos do famoso Festival de Woodstock e precisamos lembrar que nos anos 60, o jovem não conhecia o consumismo como nós conhecemos hoje. Não existia uma moda para jovens e “tribos” e mesmo assim protestavam contra o capitalismo exacerbado da época. Simplificando o simbolismo da época, existia apenas o jean clássico que eram transformados, desfiando as barras, tirando as etiquetas para parecerem exclusivas. Naquele tempo, quem mudava hábito não era sério, tal como a frase “cabelos compridos, idéias curtas”. Hoje sabemos que foi uma geração que ousou sonhar e sonhar alto. Uma geração que quebrou muitos paradigmas e buscou a reinvenção do estilo de vida.
Mas o que tem isso a ver com hoje?
Estamos no final da primeira década do século 21 e as manchetes mostram exatamente a morte do capitalismo que aqueles jovens combatiam 40 anos atrás. Alguns sociólogos vêem a morte da voracidade capitalista, onde a busca da pura e perfeita economia de mercado fazem com que estes “global players” se desconectem das suas cidades, países de origem, suas culturas para perseguirem o predomínio mundial, o culto do ganhador e a situação de apenas poucos e mais brilhantes vencerem.
Em 1969 ou 2009, é sempre o sonho que movem as pessoas na direção dos grandes acontecimentos. Sonhos e tomadas de decisões - acertadas ou não. Isso porque a vida consiste numa sucessão de agoras. Senão vejam como estão os adolescentes que em 69 sonhavam com “paz e amor”. Muitos são políticos, alguns são intelectuais e outros empresários. Muitos mudaram radicalmente de opinião, outros ainda sonham de cabelos compridos e existem ainda os que mudaram por exigência do seu cotidiano, sem forças para remar sozinho contra a maré.
E alguns podem estar por trás deste movimento de mega fusões, por que não? Então, pensando bem, quantos deles realmente reinventam suas vidas continuamente a ponto de estarem ousados e adiante do seu tempo? Frustrante não?
Agora, imaginei transpor esta situação para o Marketing Promocional que enxergo da sua entranha, não mais da periferia, como antes. Esta análise é perfeitamente real e aplicável e nada diferente de outras áreas de negócios. Fica claro para mim que somente os que buscam a essência e são exemplos vivos podem ter fé no sucesso daqui pra frente. É algo totalmente comportamental. É ser. Não é somente ter.
E para ser é necessário ampliar a visão em busca do integrativo em tudo, cultivar valores básicos, ser efetivamente honesto, transparente e ter humildade. Trabalhar para o sucesso de empresas flexíveis, expedicionárias, auto-organizadas, onde a hierarquia seja mais para task forces.
Neste “pulo do gato” é preciso rever a relação externa, ser sábio na negociação, ser justo com seu setor de atuação e não esquecer de buscar continuamente a perpetuação dos negócios, no longo prazo. E mais, saber tecer redes de conexões com o mundo exterior (clientes, fornecedores, concorrentes, comunidade, enfim).
Então, ter fé no sucesso duradouro passa certamente pela ética, justiça social e ações de cidadania. Devem pensar na relação ganha-ganha-ganha (onde o terceiro ganha cabe a todos, isto é, cabe à sociedade). E finalmente, quando se fala em ter fé no sucesso e no futuro quer dizer que devem desaprender para aprender todos os dias. De superar preconceitos, pré-julgamentos e barreiras mentais, com motivação e pique.
Isso não é fácil para os mais experientes, mas para o nosso jovem empresariado é mais familiar e natural colocar na cesta de seus desejos as novas ondas de conceitos que muitos tacham de “verde”, mas que nada mais é do que essencial hoje. Como os jovens em 69 escolheram um mundo menos consumista como o ideal. “Sacaram” que os sonhos são nada mais do que os seus anseios legítimos? A volta, o cíclico, não é?
Então por que não buscar um atalho rapidamente, unindo o que temos de melhor na distância entre si ( 69 e 09 ). Só assim poderemos mudar o curso da História que tende se repetir por hereditariedade. E que ao rever o passado os novos sonhos sejam transformados em tomadas de decisões acertadas. Isso é aprender com o passado.
Fica aqui a minha reflexão para os nossos líderes: para fazer parte da História, Woodstock é um passado muito recente, mas passado. Passado que retorna para clamar por justiça...
* Elza Tsumori é desenhista industrial, sócia diretora da Cia Ativadora de Negócios, presidente da executiva nacional da AMPRO e conselheira titular do Conselho Nacional de Turismo-MT. www.infinitosapontamentos.blogspot.com
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