domingo, 28 de junho de 2009

Indústria e varejo determinam as tendências

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Está escrito em todos os jornais em letras garrafais – e aqui no Mundo do Martketing também. Está na boca de 11 em cada 10 profissionais de Marketing. Já foi, está sendo e ainda será muito discutido. “O consumidor está no controle e ele determina as tendências, o que compra, como compra, quando compra, etc, etc, etc"... É verdade. Não faltam exemplos disso. Porém, a decisão do Pão de Açúcar, do Carrefour e do Wal-Mart em suspender a compra de carne produzida em regiões de desmatamento é que vai provocar uma grande mudança de comportamento.

Ok. É bem verdade que se os varejistas não tomassem esta decisão poderiam ser multados pelo Ministério Público Federal em R$ 500,00 por quilo comercializado. Com ela, a história do consumo consciente e da sustentabilidade no Brasil ganha o seu fato mais destacado até agora. E é esta ação que vai determinar os novos rumos do consumo consciente no Brasil. O grande destaque (negativo) é que ele não partiu do consumidor, diretamente. Não teve cara-pintada nos pastos.

Até hoje, contava-se nos dedos das mãos os consumidores que se preocupam, e mais, deixavam de comprar carne, de acordo com a sua procedência. Eu mesmo ouvi uma frase incrível no programa Cidade e Soluções, da GloboNews, que me deixou pensativo. “A fumaça do churrasco que você come no domingo tem cheiro de desmatamento”. Mas pergunta se deixei de comer carne ou procurei saber a proveniência dela. Será que alguém na churrascaria pergunta isso? Será que você, como pessoa, já se preocupou com isso seriamente a ponto de boicotar o produto?

União faz a força
A partir de agora, no entanto, as pessoas podem começar a se preocupar e realmente praticar o consumo sustentável porque o fato histórico envolve uma participação grande de mercado. Só as três maiores redes varejistas são responsáveis por mais de um terço das carnes consumidas pelo brasileiro. Há ainda a mobilização de mais de 70 distribuidores. A mudança tende a ser mais profunda porque envolve também outros membros da Associação Brasileira de Supermercados.

A indústria é expert em mudar hábitos de consumo. A máquina de escrever virou computador. O fax foi assassinado pelo e-mail. Os celulares viram a criação de uma outra categoria de produto com a chegada do Iphone. A mesma coisa aconteceu com o Ipod. São pequenos exemplos de revoluções que transformaram para sempre a vida dos consumidores. Algumas leis também pegam e alteram a vida das pessoas. O uso do cinto de segurança é um deles. A proibição de fumar em locais públicos é outra.

Alterar uma cultura de consumo, no entanto, não é fácil e mesmo com a força que tem, o varejo precisará dos consumidores. Héctor Núñez, presidente do Wal-Mart Brasil, tem consciência disso. “Sabemos que, em sustentabilidade, a união é fundamental”, disse. Por mais responsabilidade que as redes tenham, elas estão se mexendo em diversos movimentos. Falta o consumidor aderir em grande volume. Com isso, os preços, um grande vilão, tende a cair.

É triste ver o Pão de Açúcar anunciar como vitória a venda de 600 mil unidades de sacolas reutilizáveis desde que iniciou o projeto de comercialização em 2005. Considerando três anos, teremos um pouco mais de 500 sacolas vendidas por dia. Quantos quilos de carne que desmataram a Amazônia foram vendidos por dia neste mesmo período?

É triste ver também que o comportamento do consumidor e as estratégias de Marketing estão sendo cada vez mais orientadas pelos outros, como sempre foi. Mais pela força de leis, de restrições e de multas do que pelos seus próprios projetos e consciências. Neste caso o resultado é louvável. Vamos ver até onde vai esta mudança.

1 COMENTE:

Anônimo disse...

http://www.blogit.com.br/?p=1203